Pieces * Pistols & Princesses
Nós, mulheres, cometemos um erro enorme. Quase todos os dias. Quase todas as vezes. Quase sempre. Esse erro é tentar perceber os homens. Os seus motivos, as suas desculpas, o porquê do que fazem e do que não fazem. A lista continuava. Sem fim à vista. Por algum motivo existem dois sexos. Existe o mundo deles e o nosso. Cada um com a sua personalidade. Cada um com os seus defeitos. Cada um com os seus benefícios. Uma coisa têm em comum, são diferentes.
Nós desculpamos tudo. O que tem desculpa e o que não tem. Deixamos que nos magoem. Que se aproveitem da nossa fragilidade e dos nossos sentimentos. Nós amamos, incondicionalmente e sem medo. Sem medo do ontem e do amanhã. Amamos com o coração. Mesmo quando é errado, mesmo quando nos faz chorar mais do que nos faz sorrir. Encontramos músicas, frases e imagens que expressem o que nos vai na alma. Escondemos sem esconder. Preocupamo-nos. Sentimos com os cinco sentidos. Fazemos planos. Sonhamos. Corremos e saltamos. Pensamos sempre no que vamos ganhar, não no que vamos perder. No fim, no final do dia, sabemos que tudo o que fazemos de nada vale. Na maior parte das vezes não é apreciado. E quando nos deitamos à noite, adormecemos com o sentimento de dever cumprido, perguntas sem resposta, esforço sem recompensa.
Eles, os homens que ocupam o nosso coração sem pedir licença, têm desculpa para tudo. Para o facto de não amarem o suficiente, de não fazerem o suficiente. Eles amam-nos, mas com a cabeça. Elaboram planos de fuga. São fracos, mas aparentam ser fortes. Caminham devagar, sabendo que nós, mais à frente, vamos tropeçar, cair e perder a corrida. Mostram um pedaço do que são, apesar do outro pedaço acabar sempre por nos surpreender, negativamente. O importante é o que fica para trás, não o que vão encontrar ao nosso lado. A culpa é sempre nossa. Querem sempre mais e mais. O excelente nunca chega. Tem a resposta e a recompensa para nos dar, mas preferem desperdiçá-la com outro alguém.
A minha mensagem é esta: fiquem com o vosso mundo. A sério. Não quero ser como vocês. Insaciáveis. Percorrem reinos, conhecem castelos, ultrapassam muralhas e quando encontram a princesa empunham a vossa espada e espetam-na no seu coração. Por isso princesa, saca primeiro da tua pistola e rebenta-lhe com os miolos. Depois chora, alguém virá para te fazer sorrir. Nem que seja eu.
Especialmente para ti. Sê forte,
minha princesa peste.