Pieces * My path


   Hoje não vou falar de outro alguém, não vou enviar mensagens em código nem vou contar-vos algo que me aconteceu. Hoje vou falar de mim. Vou falar de mim no passado. Da criança que fui, do que me contam da minha infância e do que me lembro.

   Nasci a 11 de setembro de 1990, em Braga. Pelo me contam chorava imenso e não comia nada. Continuo assim. Tenho algum tipo de problema com o arroz. O meu pai contava-me histórias inventadas para me fazer comer alguma coisa. Pior era quando eu queria a mesma história do dia anterior e só eu é que me lembrava qual era. Cresci na minha avó, no meio do quintal e das flores. Adorava sujar-me. Lanchava sempre um pão com fiambre e um copo de leite frio. Sempre convivi com animais. Tinha sempre uma saca plástica cheia de tralha lá dentro. Só a confiava à minha mãe e porque tinha de ir à casa de banho. Aos 4 anos fui para o colégio Nossa Senhora da Torre. Era da sala das formigas. Adorava arrumar os brinquedos e não tinha jeito para recortar. Continuo assim. Quando brincava às Barbies, inventava altos enredos amorosos. As Barbies estão guardadas, os enredos ainda por aqui andam. Sempre adorei hipopótamos, por isso é que tenho um desde os 6 anos, que vai comigo para todo o lado. Não tenho vergonha disso. Já quis ser bailarina, bióloga marinha e professora. Sonhava trabalhar num Zoo.
   Aos 6 anos entrei para a Escola Primária de Lomar. Era tímida e boa aluna. Sou um bocadinho disso tudo. Usava óculos. Lembro-me principalmente dos dias em que tínhamos ginástica. Odiava esses dias. Lembro-me de quando fomos ao Zoo de Lisboa, mal dormi na noite anterior. Lembro-me do monte de amigas que tinha. Tenho muitas saudades dessa união. Poucas foram as que ficaram. Nunca me esqueci da minha professora, professora Auta Luz. Há pouco tempo revia-a, na loja. É nossa cliente. Reconheceu-me pelos meus olhos. Aos 8 anos juntei-me aos meus antigos colegas do colégio, porque entrei para o ATL. Melhores anos da minha vida. Era uma quebra-corações. Namorei com dois rapazes ao mesmo tempo. Era das primeiras a fazer o trabalhos de casa, adorava jogar matrecos e correr que nem uma tola. O meu pai conta que eu andava sempre de guarda-chuva atrás de mim, mesmo quando estava sol. As pancas vêm desde pequena.
   O ensino básico foi a altura crítica. Altas notas e nada de namorados. Estive apaixonada pelo mesmo rapaz durante 5 anos. Finalmente, no 9ºano, quando me tornei amiga dele, percebi que tinha sido tempo desperdiçado. Usava aparelho nessa altura. Lembro-me do baile de finalistas, do meu fantástico vestido cor-de-rosa e de irmos todos para o São João. Nos intervalos, ou quando não tínhamos aulas, alugávamos um rádio e inventávamos coreografias. Participei duas vezes no Chuva de Estrelas da escola. Numa delas imitámos as Nonstop, eu era a Andreia. Na outra fomos as Destiny's Child, eu era a Kelly.  Ganhamos as duas edições. Participei ainda no Ser Mais Sabedor, programa da RTP1. Perdemos. Fomos seleccionados, entre os 30 melhores textos do país, para o Entre Palavras.
   O secundário: fiz o curso de Ciências e Tecnologias na Escola Secundária Alberto Sampaio. Pela primeira vez na vida percebi que não posso ter tudo dado e tive de começar a estudar a sério. A Matemática e a Biologia deram-me cabo da paciência, a sorte é que era a queridinha do professor de Matemática. Apaixonei-me e fui correspondida. O resto foi tudo à volta disso. Só usava roupa cor-de-rosa, arcos com laços e borboletas e All Stars. Tinha a mania de gravar vídeos a fazer cenas e imitações. Alguns ainda existem, fechados a sete chaves. As melhores memórias ficam-se pelas longas férias de verão. Piscina, passeios pela avenida, gelados e bons momentos. Íamos sempre a pé para escola, 20 minutos de histórias para contar. Já passou tanto tempo. Foi aí que me percebi que algum dia teria de abrir mão dos meus sonhos. Apesar de querer seguir Ciências do Mar, não deu. Não dava para eu me mudar de malas e bagagens para o Algarve. Por isso tive de analisar outras alternativas.
   Universidade do Minho, curso de Línguas Aplicadas, primeira escolha. Sem paciência para as praxes e sem paciência para saídas. O meu primeiro ano foi estudar, mais nada. Não se pode dizer o mesmo dos seguintes. As notas foram melhorando e eu comecei a saber gerir melhor o meu tempo. No último ano comecei a trabalhar a part-time. Primeiro como reforço de Natal na Sephora  e logo a seguir na Tezenis. Melhor coisa que fiz. Cresci, amadureci, ganhei indepedência e dinheiro para mim. Tornei-me mais segura, mais focalizada. Ainda lá estou. Tanto na Tezenis, como na UM, agora no Mestrado de Informação e Jornalismo, a terminar o primeiro ano.
  



Muito resumidamente é isto. 
A minha vida não é só  isto, mas para já chega.
O resto fica à espera de acontecer e à espera depois de ser contado.


loved