Pieces * Simples ser

 
 "Eu gostava que as coisas fossem simples. Por uma vez apenas. Que não desejássemos voltar atrás no tempo ou viajar até ao futuro para tomar decisões acertadas. Gostava que as escolhas desaparecessem e virassem certezas. Uma única certeza. Uma só. Eu sei que parece fácil, mas na vida real, simplesmente viver é inconstitucional. Vai contra todos os mandamentos do verbo viver. Viver o aqui e o agora, implica viver num presente enfeitiçado pelo passado e amaldiçoado pelo futuro. Não há nada que possa ser feito. Não há antídoto nem contra-feitiço. Resta-nos viver, sendo simples sem ser."


   O que vêm quando lêem isto? Alguém frágil? Alguém magoado? Alguém confuso? Alguém apaixonado? Alguém com medo? Poderia continuar aqui a enumerar adjectivos negativos, perguntando qual das alíneas a certa, mas a verdade é que este texto representa-me. Serei eu frágil e confusa? Sim. Estarei eu apaixonada, com medo e magoada? Sim. 
   Esta fragilidade representa a minha força. A força necessária para transformar todos os meus sentimentos, dores, medos e pensamentos em palavras, palavras que partilho, sem receio de quem lê e das consequências que se seguem. Uma confusão que procuro esclarecer todos os dias. A confusão que nasceu comigo e morrerá comigo. Porque eu pergunto, não deixo sem resposta. E mesmo quando me deixam sem resposta, a minha pergunta fica respondida. Porque o silêncio tem o seu significado, nem mais nem menos do que tudo o que sai da tua boca. E sim, também estou apaixonada, o que implica estar magoada e com medo. Mas quem não está apaixonado? Por alguma coisa ou por alguém? Quem admite não ter medo de nada nem ninguém? Quem nunca sofreu?
   O que eu pretendo com isto é que olhem para os meus textos como um pedaço de mim, com mais do que uma ilustração. Porque eu sou frágil, sem medo o digo, mas luto contra essa fragilidade quando a transcrevo e partilho. Melhor isso, que ser forte por fora, sendo frágil por dentro. E a partir do momento que eu carrego no botão 'publicar', abre-se uma janela, mas fecha-se uma porta. Porque eu tenho medo de muita coisa, não de acordar amanhã. Não pensem que sabem tudo sobre mim só porque visitam o meu blog, sou muito mais do que isto, tenho muito mais para dar e muito menos para dizer. Boa noite e até amanhã.


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