Pieces * Legendas e teletransportes
Existe uma coisa que não suporto mesmo. Promessas. Estou farta de pedir para não me prometerem coisas, momentos, sentimentos, verdades. Por isso parem de o fazer. Irrita-me mesmo que as pessoas achem que o mundo funciona melhor se criarem uma imagem fantástica à volta do que realmente são e do que realmente vão fazer. Eu gosto de sonhar, mas por favor, se não acredito que exista paraíso, de certeza que não vou acreditar num mundo perfeito onde tudo corre como planeado e onde tudo o que as pessoas dizem é realmente o que elas sentem. Acredito em coisas concretas e realizáveis. Se tiver de acreditar nas promessas de alguém serão sem dúvidas as minhas, porque essas sim só dependem de mim.
Quando escolho pôr um ponto final, faço-o sem medo e sem sombra de dúvidas. Raramente me arrependo de alguma coisa, pois tento sempre encontrar algo de bom e aprender com isso. Eu sei que não existem borrachas que apaguem as coisas más, nem dá para queimar memórias, fazer desaparecer certas pessoas e esquecer certas histórias. A vida é mesmo assim. Há alturas em que lido melhor com isso que outras. Há dias em que acordo e passa-me tudo ao lado. Noutros dias a mínima coisa carrega no botão do play e, o filme que já vi umas milhentas vezes, passa novamente no ecrã principal. Nesses dias tento lembrar da razão pela qual decidi terminar por ali a novela mexicana.
As pessoas deviam de vir com livro de instruções, mas não só. Cada vez que falassem ou mexessem uma parte do corpo, deveria de surgir uma legenda algures traduzindo tudo e mais alguma coisa. Isto, sou eu a ser utópica. A minha utopia é que o mundo funcione, ponto. Coisa que não tem resultado lá muito bem. Nem estou a pedir que funcione à minha maneira, porque sendo assim iríamos ter de arranjar um sítio para colocar as tais legendas.