Pieces * Error

Lá se vão as horas de sono. Enchem-se de medo. Medo de errar, de desapontar, de desiludir. Terror de não cumprir o prometido. E fico às voltas na cama. Elaborando planos, traçando metas, organizando prioridades. Como se isso fosse resolver alguma. Como se o pavor que tenho de por cá ficar, estagnada no tempo, fosse desaparecer com mais uma das minhas listas. Nesta vida, basta um erro para que tudo o resto fique condicionado. É como se a tua vida fosse uma revista e os teus erros estivessem estampados na capa, para que ninguém, principalmente tu, se esqueça deles. Nem por breves instantes. Cada passo em falso, cada queda, cada escolha mal feita têm destino traçado: o teu cartão de visita. O objectivo? Assustar aqueles que têm intenções de folhear-te. E as coisas boas? As, aparentemente, pequenas vitórias? As lutas enfrentadas? As muralhas ultrapassadas? A coragem de pegar no pouco que tens e torná-lo teu e único? Ninguém quer saber? Não há gente por aí que se interesse pelo lado bom da vida? Vivem todos vós assombrados pelo medo de errar e impulsionados pelo carinho especial em apontar o dedo aos outros? Parece-me que sim. Odeio ser julgada pela capa, pelos erros que já cometi, pelos quais padeci e com os quais aprendi. Por mim chega! Aponta o dedo à vontade, aproveita e espeta mais umas facadas!


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