Pieces * Tempestade

   Nós é que complicamos ou as coisas são simplesmente complicadas? Será que podem ser ambas e não ser nenhuma? É que existem alturas em que parece que a culpa é minha e outras em que parece que o mundo se juntou para me infernizar a vida. Em que dou voltas na cama e todas as opções me parecem absurdas. Como se não houvesse mais por onde caminhar. Como se tivesse chegado a altura de não só escolher por onde quero ir, mas também de construir a estrada com as minhas mãos. E é tudo tão simples ao mesmo tempo. Por que é que ninguém consegue ver? A sério que sou só eu mais uma vez?
   Falar já não ajuda. Se escrever, vai sempre dar tudo ao mesmo. Não sei desenhar. Acho que estou destinada a morrer por asfixia. Deveria ser crime viver assim! Estar condenada a este fim, que não cumpre os meus requisitos. Nem sei por que é que ainda me canso a fazer planos e traçar objectivos. Nem sei porque ainda procuro respostas nas minhas/tuas perguntas. Ou será que procuro perguntas nas tuas/minhas respostas? Será que ainda procuro alguma coisa? Se procuro, não passa de uma breve recordação que me faça ter a certeza de que tudo faz sentido, de que tudo é um todo e que esse todo um dia virá a ser tudo. Um tudo por entre restos e pedaços. Que depois da tempestade, vou conseguir respirar, outra vez.





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