Pieces * Um novo número

   A ideia da entrada do novo ano é ridícula se a virmos como a resolução de todos os nossos problemas. Resoluções vão haver muitas, mas nenhuma delas vai mudar alguma coisa. Quando acordares no dia 1 de Janeiro de 2012 vai estar lá tudo à tua espera. Nada se resolve sozinho e muito menos de um dia para o outro. Os meus problemas continuaram comigo. O meu novo ano só começou no dia 2 de Janeiro e os problemas, sonhos e esperanças continuaram a ser os mesmos. É tudo muito bonito fazer uma lista todos os anos com o que queremos e com o que não queremos, brindar a tudo, saltar da cadeira com o pé direito, comer as 12 passas, usar as cuecas vermelhas, azuis, amarelas, brancas ou cor-de-rosa, de acordo com as nossas resoluções para o novo ano ou prometer que este ano é que vai ser.  Era tudo muito bonito se no dia 1 de Janeiro realmente começássemos a fazer alguma coisa para mudar de vida. De que basta querer as coisas se não fazes nada para as ter ou se já não há nada que possas fazer para as ter.
   Neste mundo toda a gente quer tudo de mão beijada. Querem emagrecer sem fazer sacrifícios, encontrar o príncipe encantado alapadas na porcaria do sofá, querem apaixonar-se e não deixam ninguém entrar no seu mundo, querem novos amigos e nem cuidam dos que já têm, querem realizar sonhos sem mexer uma palha, viajar sem sair de casa, querem mudar, mas estão à espera que os outros mudem por elas. Realmente quando se fala em ano novo, não passa disso mesmo. Um ano novo. A única coisa que mudou foi o último número, com sorte o segundo. Nada mais.
   Acho que todos acreditamos, genuinamente, nem que seja por momentos, que o mundo muda quando o relógio atinge a 00h. Chato é quando percebemos que não. Está tudo igual e assim irá continuar, por tempo indeterminado, até que alguém se lembre de fazer alguma coisa em relação a isso. De qualquer das formas, não custa tentar, e as minhas resoluções para este ano são: continuar a ser eu acima de tudo, dedicar-me a 100%, aproveitar ao máximo, não dizer não quando quero dizer sim, aprender a dar valor às coisas e às pessoas certas, recuperar os meus pedaços perdidos e voltar a montar o puzzle.

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