Pieces * Por cá ficamos
Acho que serão muitos os que se irão identificar com o que vou escrever. Vão sentir a mesma revolta, a mesma angústia, a mesma impotência. Sentem-se perdidos como eu. Inúteis até. Porque o sucesso da nossa vida académica nada nos trouxe. Deu trabalho e não deu frutos, pelo menos até então. Quando nos entreguam o diploma para as mãos, ele vem carregado de promessas. Promessas de emprego, de sucesso, de uma vida cheia de oportunidades. A verdade é que nós não sabemos o que fazer com o diploma e vivemos com o peso das promessas. Se forem como eu, não sabem nem por onde começar. Perdida disse eu. Perdida nos montes de sites e ofertas de emprego que em nada parecem dar. Perdida nos meus sonhos e aspirações que parecem impossíveis de alcançar. E o cenário só vai piorando há medida que os dias passam. Assusto-me com o que o futuro me reserva. Não desvalorizando o que já tenho, não quero isto para o resto da minha vida. Quero mais. Quero melhor. Estou cansada de ouvir falar das minhas qualidades e do meu potencial, reconhecidas pelos que nada podem fazer para me ajudar. Estou estagnada. Na vida. Só queria poder parar o tempo para conseguir pensar com tempo. Perceber qual o caminho seguinte. Ponderar as várias realidades. Sinto-me com medo. O medo de tentar e não conseguir. O medo de não saber se não tentar. Sou uma medricas. Admito. Sou uma planeadora compulsiva que não consegue lidar com a falta de planos. Irritada com a velocidade que os dias começam e acabam e eu continuo aqui, onde parecem ter-se esquecido de mim. E por vezes, perco noção do meu lugar. Do meu propósito. Faltam sonhos. E falta vontade. Porque até ela já estava farta de cá estar. Eu por cá fico, porque não tenho mais para onde ir.