Pieces * O tempo das coisas
Maldito tempo. Não o tempo da chuva que não pára de cair lá fora. Mas o tempo das horas, dos minutos e dos segundos. Aquele que também nunca pára, nunca espera. Tem dias. Tem dias que parecem semanas. Duram. Duram. E duram. Tem dias que voam. Que apenas se repetem na nossa cabeça, as vezes que quisermos. E fica o desejo de voar também, para esse tempo. Fica connosco, por escolha nossa, porque não queremos que ele nos deixe. É a prova de que vivemos. Bem ou mal, bom ou mau. É a prova que aprendemos. A bem ou a mal, pela primeira vez ou pela última. Não querer perder a essência das coisas da vida. As coisas da vida que fazem a nossa essência. Todo esse tempo que voou fez de nós o que somos e o que queremos ser. Mais do que isso, fez-nos perceber o que não queremos. Ou o que devíamos não querer. Porque o coração teimoso teima em querer sempre o errado, o usado e o passado. Com medo de descobrir o certo. Com medo de descobrir o novo. Com medo de descobrir o presente. Porque é mais fácil viver com o conhecido, por muito que ele nos magoe, porque esse já não nos surpreende. É como se o tempo que voou voltasse, pelos motivos errados, para nos fazer relembrar. E com o medo vivemos, porque não sabemos viver de outra maneira.