Pieces * 00h
Chegou um novo ano. Começar algo novo deveria significar que tudo o resto chega a um fim, mais desejado por uns do que por outros. A verdade é que não foi um ano fácil. Continuo sem conseguir colocar tudo na balança e perceber de uma vez o peso das coisas. Em certa parte, é impossível negar que o ano que passou trouxe-me bastantes motivos para sorrir. Mas comprometi-me a cumprir determinadas coisas e falhei. Falhei para comigo e para com os meus planos. Prometi perceber e decifrar determinadas coisas sobre mim e sobre todo este mundo que me circunda e isso não aconteceu. Existe um lado meu que continuo sem conseguir lidar ou coabitar. Um monte de labirintos nos quais me perco infinitamente, sem querer. Existem tantas coisas que queria fazer e não fiz. Tantas palavras que continuam entaladas e que dificultam a minha respiração. Tantas injustiças e mentiras por curar. É estúpido pensar que um número diferente no fim de uma data faça qualquer tipo de diferença. Que altere a ordem das coisas. Que modifique a importância das coisas, assim, numa contagem decrescente. As pessoas dizem que vão mudar as suas prioridades, hábitos e metas. E quando este ano acabar, vão perceber que voltaram ao mesmo ciclo do qual nunca conseguirão sair. Continuam a cobrar-me o tempo, os sorrisos e as conversas. Como se tudo dependesse de mim e do meu viver. Como se conseguisse dividir-me em 5 e manter-me fiel a todas as imagens que criam para mim. Agradar a tudo e a todos. E tudo o que me devem? Tudo o que sinto falta, tudo o que preciso? Tudo o que se perde nos meus dias? Quem paga por isso? Quem pega nas desilusões deste ano e as apaga com a borracha da 00h?