Pieces * Velhos tempos
Não é só o tempo que voa. Nem te apercebes da volta que o teu mundo dá, só quando um breve momento te faz recuar para o que já é um ontem tão longínquo. Nem é só quando estás mal que viajas no tempo. Não é só quando a chuva de lágrimas te percorre o rosto que desejas viajar algures para o conhecido. Viajas sempre. Percebes que o que parecia ser verdade assumida, não passou de um engano que te condicionou por muito tempo. Tempo esse que não voava, pois parece que demoraste tanto a chegar aqui. A razão que te mantinha a respiração, que te deixava viver e que te fazia levantar da cama, não passava de um contra-tempo. Criava-te uma rotina, ditava as regras e alimentava uma espécie de fome insaciável. O agora e o aqui, foram um dia o ontem e o ali. Tantos desapareceram. Uns fazem mais falta do que outros. Velhos tempos. Velhas certezas. Velha vida. Quem sempre era para ficar, ficou, independentemente de tudo.