Pieces * Príncipe

   E quando desistes? Desistes de ser, de estar, de ficar. Não há nada que possam fazer para te fazer voltar. Voltar ao estado inicial. Repor as tuas expectativas e os teus sonhos. O teu corpo e a tua mente já foram embora. Continuaram o seu caminho. Deixaram-te no passado. Fizeram de ti história e transformaram tudo em cinzas. Desistes, pois não te ocorre mais nenhuma solução. Chegas a um ponto em que não consegues ver o amanhã. O teu amanhã na minha vida. A verdade ficou esquecida. Os sentimentos não chegam e a única vontade que tens é que isto acabe, de uma vez. Porque viver assim não faz sentido nenhum. Viver sem respirar. Viver sufocada em promessas desfeitas. Num mundo incompleto e frágil. Em que tudo é subtraído à metade. Porque a metade até chegava, mas nem a isso tens direito. Nem aos restos tens direito, porque chega sempre alguém primeiro. Por muito que corras, que lutes, que sacrifiques tudo o que ainda te faz sorrir, não chega. Nada chega. É uma corrida sem fim. É uma vontade insaciável. E enquanto de dás por completo, recebes zeros em troca. Passa-te tudo ao lado. Ele passa-te ao lado, sem dares por isso. Na vida, tens de te mentalizar que precisas e mereces um príncipe. Não daqueles saído dos filmes ou descrito nos livros, mas de um príncipe como os que passam por ti na rua. Cheios de tudo um pouco.