Pieces * Estado de espírito

   As flores, os chocolates,  as viagens,  as prendas caras... Nada disso. Não digo que iria recusar. Mas para mim, e para a maior parte das mulheres deste mundo, o importante está nos pormenores. Queremos que nos respeitem, ouçam e apoiem. Para quê um ramo com 50 rosas? Uma chega quando estão lá as atitudes. Não precisamos de vocês 7 dias por semana, muito menos 24h por dia. Precisamos que nos dêem o nosso espaço e que saibam completá-lo. Queremos bons dias e boas noites. Queremos sentir que fazemos parte da vossa vida e do vosso mundo. Que nos tentem perceber. Não quer dizer que alguma vez venham a ser bem sucedidos, mas o facto de terem tentado já significa muito. Se isto é lamechas, claro que é, mas é a realidade. Deixem de ser óbvios, que nós deixamos de ser complicadas. É basicamente ela por ela.
   Qual a mulher que não adora um jantar à luz das velas? Qual a mulher que não adora receber um par de sapatos novos? Qual a mulher que não adora umas férias a dois? Pois. A mim ocorrem umas tantas mais. Muito mais simples. Porque há coisas que não se compram. Engana-se aquele que pensa que é por aí que vai lá. Os vazios não se preenchem assim. Faz falta, mas tem de haver uma base, um suporte, um começo. Aprendam com a ficção. Porque todas as histórias têm a sua forma de representar a realidade. E quando o gajo aparecer à porta da rapariga com um enorme ramo de flores, perguntem-se se o importante para ela é a meia dúzia de tretas que ele tem na mão, que não vão durar uma semana num jarro com água algures, ou a atitude, a iniciativa, a coragem. Se ela gostar mais do ramo, acho que andam a ver e a fazer filmes a mais. 
   Mas quem sou eu. Apenas mais uma de muitas. Ainda me atribuem a ideia do príncipe encantado e do mundo cor-de-rosa. Lamento desiludir, já passei essa fase. Deixei de viver de ilusões. De arranjar desculpas para o indesculpável - os dois maiores erros que podemos cometer. Sou tão céptica como em tantas outras coisas. Acredito vendo. Não uma, mas várias vezes. O amor é complicado porque cada um puxa para o seu lado. Há que saber distinguir o amor próprio do orgulho. São coisas bem diferentes. E a partir de agora, quando me perguntarem se quero ser feliz ou orgulhosa, vou responder que não sei. Nem tudo é preto e branco. Existem milhares de possibilidades pelo meio. Eu quero que a felicidade seja um estado de espírito e não algo momentâneo e relativo.


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