Pieces | E, de repente, és mãe!
Ponderei muito escrever sobre este tema por ser sensível para mim. Mas sei que todas nós, mulheres mães, passamos por isto e achei que deveria fazê-lo Cada vez se fala mais da depressão pós-parto, da ansiedade, dos medos e de todas as dificuldades, mas nada é como vivenciarmos esta realidade. A minha gravidez foi maravilhosa. O parto correu bem. O meu bebé é e sempre foi "calmo". Como já disse por aqui, fui e sou uma sortuda. Mesmo assim, um dia acordamos - ou nem dormimos - e temos um bebé que precisa de nós 24h por dia, 7 dias por semana. Quando não acontece, os nossos receios fazem-nos questionar se está bem, se precisa de alguma coisa, se tem frio ou calor, se mamou bem ou se estamos a ser uma boa mãe. Não há dias fáceis. Nesses a nossa ansiedade faz questão de destruir nossa calma - "Será que vai dormir bem de noite? Será que vai acordar muitas vezes? Será que deveria ficar com ele no colo? Será que o deveria deitar no berço? Será que controlo as horas das mamadas ou dou-lhe sempre que ele quiser? Preciso de tomar banho. Apanhar a roupa. Passar a ferro, já não tem bodies passados. A casa está toda suja. E esta barriga? Será que não vai voltar a ser o que era? E o peso a mais? A minha roupa, desisto de caber nela?(...)". Poderia continuar. São muitos os pensamentos, dúvidas e desesperos que nos passam pela cabeça num só dia. A insegurança que sentimos quando nos olhamos ao espelho e quando olhamos para o nosso filho. Ninguém nos preparou para isto. Dizia eu: " Daqui a 2/3 meses estou como era". Só que não. Comes para aliviar a ansiedade. Para te sentires melhor. O tempo parece não chegar para cuidares de ti. E os dias passam e tu continuas "grávida" de três meses, ou mais, com um bebé no colo que te suga toda a energia. É a melhor coisa do mundo, é. É o maior amor do mundo, é. Mas onde ficas tu, mãe, no meio de todo esse amor. Para ajudar, esta pandemia é a cereja no topo do bolo. Passas o dia fechada em casa, saís só para o estritamente necessário e os contactos são limitados. E aí é que se vai a tua sanidade mental. Vives este momento lindo e assustador sem os teus na quantidade que querias e precisavas. Confesso que foram algumas as vezes que chorei. Por tudo e por nada. Sem motivos e por todos os motivos. Sentimo-nos sozinhas, mesmo tendo alguém ao nosso lado para caminhar connosco. É uma onda de emoções novas que 9 meses não chegam para preparar. E, de repente, és mãe!