Pieces * A melhor de todas


Sinto saudades tuas em silêncio. Porque parece já não fazer sentido, que este sentimento de vazio não passe. Que ainda me encha e preencha. Que todos os abraços não me aqueçam como o teu aquecia. Porque como o teu, só o teu mesmo. Já passou imenso tempo. Provavelmente tempo demais. E, ainda assim, as tuas fotos continuam na minha parede e o teu sorriso no meu coração. Mais uma vez não percebo o que nos aconteceu. Como deixamos de ser parte uma da outra. E o mais difícil de aceitar é que nunca deixarás de ser parte de mim e de tudo o que sou e vivi. Ainda choro por não te ter. Muitas vezes. Quantas vezes ainda pego no telemóvel para te contar a última novidade e só no último segundo me lembro que já não sei por qual começar. Quantas vezes ainda tento elaborar planos na minha cabeça. Quantas vezes precisei do teu ombro para chorar e de ti para desabafar. Quantas vezes tento não me lembrar de ti. Neste momento gostava de conseguir esquecer como crescemos até então. Como fomos até então. Vejo-me a contar as histórias erradas às pessoas certas. E ninguém conseguia perceber, por muito que tentasse, porque só nós sabemos tudo por que passamos, tudo o que partilhamos e tudo o que prometemos ver e viver juntas. Gostava que não fosses a melhor de todas, mas nenhuma será tão melhor como tu. Acho que sempre tive noção disso, mas sempre achei que com o tempo ia acabar. A saudade não vai embora, apesar de a nossa amizade ter ido com as horas de todos os dias que deixamos passar.

Já li e reli este texto vezes sem conta. À procura de um erro e mais um motivo para não o publicar. E ele, por mais de um ano, sempre acabava por ficar nos rascunhos, sentado, à espera que um dia eu lhe desse uma oportunidade para ser lido. Sem dor, sem rancor e sem medo.



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