Pieces * Bicho estranho

Enchemos tudo de futilidades. Coisas que não precisamos. Opiniões que não pedimos. Mal-entendidos. Pessoas vazias de significado. Enchemos tudo de absolutamente nada. Pensamos estar cheios, ou pelo menos meio-cheios, e quando nos damos conta estamos completos de nada. Procuramos tudo e nada, em tudo e em nada. Fazemos o que fazemos sem saber bem o porquê  e sem nos perguntarmos porquê. Fica algo por dizer. Diz-se algo sem pensar, sem ponderar, sem respirar. Fala-se de mais. Quer-se voltar atrás, refazer determinada frase ou acrescentar determinado episódio. Nem tudo é como imaginamos ou sonhamos. Somos surpreendidos a toda a hora, todos os dias da nossa vida. Ela acontece. Era bom que desse para voltar e espremer cada um dos segundos que já passaram, mesmo os maus, para que o sentimento de dever cumprido pudesse fazer parte do tempo presente. E mesmo sabendo isto tudo, continuamos a cometer erros idênticos. Continuamos sem valorizar o que é verdadeiramente importante para a nossa existência. Porque não dá jeito, agora não ou porque nos passa ao lado. Quando acaba, aí sim abrimos os olhos e choramos pelo tempo desperdiçado. O ser humano é um bicho estranho.

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