Pieces * Sem moldura

Contigo não tenho momentos. Tenho imagens desfocadas. Memórias enevoadas. Conversas vazias de significado. Verdades cobertas de tudo. Montes de suposições. Tenho saudades. Não sei de quê ao certo, porque nada é certo. Nunca o foi. Contigo não posso fazer os meus cálculos e os meus planos. Contigo tenho de me deixar levar. Levar para onde tu queres ir.  Pois tu é que tens tudo. Tu é que decides tudo. Contigo não existe tempo nem espaço. Existem meia dúzia de segundos e um lugar apenas. Onde estás. É num piscar de olhos. Contigo nunca estou só. Estou contigo e com o teu orgulho. A tua vontade super humana de ter razão. A tua procura incansável por um culpado. Mas quem vive assim sem se auto-destruir? Quem vive assim sem me destruir? Não faltará muito para que as poucas coisas que temos sejam atingidas pelo teu ego. Pela tua tua falsa calma. E depois já era. Era uma vez. Era uma vez eu. Eram os meios momentos. Eram as fotografias sem moldura. A história fica sem fim. Mais uma vez. Desta vez. E eles ficam assim para sempre.


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